São Nicolau aponta para o caminho de Cristo, o da caridade, explica padre
- 06/12/2024
Sacerdote comenta quem foi o santo que originou a figura comercial do Papai Noel e frisa como ele tinha práticas ensinadas por Jesus
Julia Beck
Da redação
São Nicolau /Foto: Canva Pro
Um senhor simpático, de barba grande e branca, com trajes vermelhos e um gorro da mesma cor. Para uns, “bom velhinho”, mas para a grande maioria, Papai Noel. Uma figura comercial muito atrelada ao Natal, que tem sua origem, na verdade, em um santo da Igreja Católica celebrado nesta sexta-feira, 6: São Nicolau.
O vigário da Paróquia Santo Antônio de Guaratinguetá (SP), da Arquidiocese de Aparecida, padre Raphael Felipe Silva, conta que São Nicolau foi um bispo que viveu há muito tempo, mais precisamente no século IV, e ficou conhecido por ajudar os pobres e fazer o bem “sem querer aparecer”.
“Uma história famosa conta que ele deixou sacos de ouro na casa de um homem que não tinha como ajudar suas filhas, garantindo um futuro melhor para elas. Essas ações deram origem à ideia do Papai Noel, que traz presentes às pessoas”, sublinha.
Mesmo com essa figura alegre e comercial que todos conhecem hoje (do Papai Noel), o sacerdote afirma que São Nicolau sempre apontou para o caminho de Cristo, mostrando que o amor e a generosidade vêm de Deus.
Natal inspira caridade e solidariedade
“Quando ajudamos alguém com um alimento ou um abraço, estamos vivendo os valores que São Nicolau praticava e que Jesus nos ensinou”
– Padre Raphael Silva
“São Nicolau é um exemplo perfeito do espírito do Natal! Assim como ele ajudava os outros sem esperar nada em troca, no Natal, celebramos Jesus, o maior presente de Deus para nós”, indica padre Raphael.
O pároco da Paróquia Santa Luzia, em São Paulo, padre Edson Donizetti Castilho, frisa que, de fato, o Natal (Mistério da Encarnação de Jesus) é a expressão definitiva de um Deus que “não se faz cioso de sua condição divina”, mas se esvazia e assume a condição humana.
“No Natal, estamos diante de um gesto inquestionável do amor divino! O Verbo Eterno, Deus mesmo, se faz carne e habita entre nós. Não estamos falando de um representante de Deus! É o próprio Deus que vem até nós, faz-se um de nós e, por amor, nos redime, salva! Mais solidariedade, mais amor do que isso, impossível!”, pontua.
Padre Raphael Felipe Silva/ Foto: Arquivo Pessoal
Padre Raphael recorda que o Natal é um tempo de dar, compartilhar e cuidar das pessoas, especialmente das que mais precisam. “Por exemplo, quando ajudamos alguém com um alimento ou um abraço, estamos vivendo os valores que São Nicolau praticava e que Jesus nos ensinou”.
Apresentando São Nicolau para as crianças
Contar a história de São Nicolau, prossegue o sacerdote, ajuda as crianças a entenderem que o Natal é muito mais do que ganhar presentes. “Elas aprendem que o Papai Noel que conhecem tem origem em um santo de verdade, que vivia para ajudar os outros e fazer o bem”, explica.
Segundo padre Raphael, falar sobre este santo pode inspirar as crianças a serem generosas e a pensarem nos outros, como Jesus ensinou. Ele frisa que é uma forma bonita de mostrar que todos podem ser “ajudantes de Deus” no mundo, assim como São Nicolau foi.
Padre Edson complementa que seria bom os pais contarem não somente a história de São Nicolau para os seus filhos, mas também de outros santos. “Como dizia Dom Bosco, outro santo amigo das crianças, dos adolescentes e dos jovens, é preciso mostrar aos filhos a ‘beleza da virtude e a feiura/fealdade do pecado’. A vida dos santos pode nos motivar muito no progresso humano e espiritual”, assinala.
Jesus é sempre o foco
“O grande protagonista do Natal é Cristo Jesus!”
– Padre Edson Castilho
Segundo padre Edson, a sociedade secularizada e consumista em que estamos inseridos acaba por distorcer, de maneira profunda, o sentido verdadeiro não somente do Natal, mas das festas cristãs em geral. “Cabe, realmente, aos pais e às famílias autenticamente cristãs-católicas a missão de recuperar a essência dos mistérios que celebramos. O grande protagonista do Natal é Cristo Jesus!”, indica.
Padre Raphael reafirma: “O Natal não existe sem Jesus!”. Ele enfatiza que São Nicolau é como uma seta que aponta para Cristo, mostrando, com suas ações de amor e generosidade, o que Jesus veio ensinar.
“O Papai Noel moderno pode ser uma lembrança disso, mas o centro da celebração do Natal é o Menino Jesus”, destaca. “Imagine uma festa de aniversário onde esquecemos de parabenizar quem faz aniversário? O mais importante no Natal é acolher Jesus em nossas famílias, em nossos corações, e celebrar o amor de Deus que veio morar no meio de nós”.
Quem foi São Nicolau?
Padre Edson Donizetti/ Foto: Arquivo Pessoal
Padre Edson conta que, segundo a tradição, Nicolau nasceu na cidade de Patara, na Ásia Menor, hoje Turquia, na metade do século III, por volta do ano 250. Era de uma família nobre. Morreu no dia 6 de dezembro de 326, em Mira (Turquia). Logo, o local em que fora sepultado se tornou meta de intensa peregrinação. Suas relíquias foram transportadas para Bari, no sul da Itália, onde até hoje são objeto de grande veneração. Seu culto se propagou em toda a Europa.
“Um aspecto da vida de Nicolau que o vincula às celebrações do Natal se ampara na crença de que ele teria vivido alguns anos de sua vida nas vizinhanças da cidade de Belém, Terra Santa, bem próximo ao local do nascimento de Jesus. Por isso foi construída, inclusive, sobre a cripta onde ele teria vivido, a principal igreja de Belt Jala, uma pequena cidade que fica na Palestina”, acrescenta.
Diz a tradição que, desde pequeno, Nicolau revelava uma forte tendência para amar e buscar as virtudes, ressalta padre Edson. Sua família era muito religiosa, e ele seguiu os passos de seus pais. “Foi feito bispo: era pastor zeloso do povo a ele confiado”, comenta. Após sua morte, ficou conhecido como São Nicolau de Mira e de Bari. Com os muitos relatos de milagres por seus devotos, o bispo foi canonizado pela Igreja Católica.
No Brasil, a celebração deste santo não é tão popular. Já na Europa, sua festa é bem celebrada. Em países como Itália, Áustria, Eslovênia e Alemanha, as crianças costumam ser presenteadas tanto nesta sexta-feira, dia do santo, quanto no Natal, no dia 25 – como é a prática tradicional no mundo todo.
Ligação com o Papai Noel
Sobre a relação do santo com o Papai Noel, padre Edson afirma que isso se deu muitos séculos depois da morte de São Nicolau. Ele explica que a imagem de um velhinho rechonchudo, de barba branca e traje de inverno vermelho apareceu, pela primeira vez, na revista norte-americana Harpers Weekly, no ano de 1881.
“O fato, porém, mais relevante para a popularização do Papai Noel deu-se a partir de uma campanha publicitária de uma conhecida marca de refrigerantes. Em 1931, o desenhista Haddon Sundblom utilizou a imagem em um comercial de refrigerante e acrescentou um saco de presentes e um gorro. A referida campanha publicitária, com senso de humor e alegria, mostrava o bom velhinho distribuindo presentes ao redor do mundo”, relata.
Quanto ao nome Papai Noel, o sacerdote sublinha que, na língua portuguesa, ele é chamado assim porque tem suas raízes na língua francesa, em que Noël significa Natal. No inglês, ele é chamado de Santa Claus, oriundo de uma adaptação de Sinter Klass (ou Sinterklass), como São Nicolau era chamado em holandês.
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